Na
Paraíba, como em todo o Brasil, o mercado de arte sempre aposta naqueles
artistas visuais que já estão consolidados, seja pela crítica e/ou instituições
oficiais, ou ainda, quando são selecionados por meio de competições (os salões de arte) e de
curadorias que vez ou outra tentam mapear este imenso território brasileiro.
Daí, a partir deste status quo, os
artistas logo ganham espaços nas galerias privadas e entram no mercado de arte
dominado pelas escolhas de poucos colecionadores, de arquitetos decoradores e/ou exibidos em feiras de arte,
notadamente em centros mais desenvolvidos como Rio e São Paulo.
Na
Europa, Ásia e Estados Unidos há uma inversão de fluxo. Primeiramente, as
galerias comerciais é que lançam os novos artistas que, em sua maioria surgem
mesmo é nos bancos universitários, algo raro no Brasil em função da pequena
quantidade de cursos de artes. O mercado, neste caso bem mais maduro que o
nosso, passa a determinar quem é quem e, na maioria das vezes com a anuência de
um professor-artista ou colecionador, público ou privado, individual ou coletivo
(museu, fundação etc.). Logo depois é muito comum que este novo talento
apresente sua produção em grandes museus e seja selecionado para as bienais e
feiras de arte, que hoje proliferam até no nosso país.
Foi
pensando neste paradoxo que a galeria Rede Arte Contemporânea (localizada no
bairro de Manaíra, em João Pessoa) resolveu apresentar uma mostra coletiva – de 1º de fevereiro a 1º de março de 2014 – unindo as obras de novos talentos das artes
visuais da Paraíba. Em que pese alguma diferença de técnicas, linguagens e
idades, estes artistas tem como ponto de referência o fato de serem “novos”. No
sentido, claro, de serem pouco reconhecidos em nossa sociedade, por toda a
cadeia produtiva – imprensa cultural, críticos, professores, galeristas,
colecionadores etc. – e até pela comunidade artística. Destes artistas, alguns,
casos de Alberto Moreira (nascido em Sousa, Paraíba, e atuante entre Recife,
São Paulo e João Pessoa) e do paulistano Francisco Milhorança (radicado na cidade
desde 2008), já possuem larga vivência no mundo da arte, da pintura às artes
gráficas. Estudaram e trabalharam em centros de mais tradição na arte
contemporânea, como São Paulo e Europa, o que lhes assegura certa “maturidade”,
mesmo assim são “novos” para muita gente que ainda não conhece a sua produção.
Por
outro lado, as artistas Cristina Carvalho e Danielle Travassos surgiram nos
bancos da universidade, no curso de artes visuais da UFPB. Com trajetórias já reconhecidas em importantes eventos dedicados aos novos talentos – o Samap,
de João Pessoa, onde Danielle abocanhou o prêmio de artista revelação em sua
penúltima edição, e o Salão de Abril, em Fortaleza, selecionada que foi nesta
concorridíssima competição nacional –, ainda assim não conseguiram o seu “lugar
ao sol” no acanhado mercado local. Cristina Carvalho tem seguido o mesmo
caminho de Danielle. Com atuação em eventos regionais e selecionada em projetos
do Programa Banco do Nordeste de Cultura, participou de residências artísticas
em Recife, Fortaleza e Sousa, no Sertão paraibano. Mas, ainda devemos tratá-las
como novos artistas? Claro, chegou a hora de apresentar a rica produção (e suas
pesquisas) destas artistas para o grande público, notadamente aqueles que
gostariam de investir em um artista jovem, em início de carreira, e que possa
oferecer sua arte a valores mais módicos que os “medalhões” da arte paraibana.
Já
Thiago Trapo, que completa a mostra coletiva, é o mais novo (e jovem) dos cinco.
Descoberto em mostras individuais nos programas para novos talentos da Energisa
e da Aliança Francesa João Pessoa, tem atraído atenção de apreciadores das
artes visuais pelo despojamento estético (e atualíssimo) de suas
colagens-pinturas, o que lhe confere o título de revelação dentre outros artistas
de sua geração, emergente há poucos anos nessa febre de arte pública, de
coletivos de artistas e de colaboracionismos que, ainda bem, pipocam no país em
meio às recentes (e polêmicas) manifestações (e rolezinhos) em praças e ruas,
cidades e campos.