sexta-feira, abril 25, 2014

conversa com thaïs gualberto (em exposição na aliança francesa joão pessoa)

Formada em Arte e Mídia em 2010 pela Universidade Federal de Campina Grande, Thaïs Gualberto criou em 2009 a personagem “Olga, a sexóloga taradóloga”. No ano seguinte voltou a morar em João Pessoa, sua cidade natal, e ao lado de outros quadrinistas paraibanos (ou radicados no Estado) criou o Coletivo WC que, em 2012, lançou a primeira edição da revista Sanitário. Ainda nesse ano, Thaïs juntou-se a Paula Mastroberti, Lila Cruz, Juliana Dalla e Daniela Beleze Karasawa para formar o projeto Inverna, uma publicação anual para apresentar as quadrinistas atuantes no Brasil. Em 2013 foi lançado o segundo número da Sanitário e está prevista para 2014 a terceira e última edição da revista.

1. Como se deu sua ‘descoberta’ pela arte? Foi fascinação ou desígnio?
Eu cresci em um meio favorável, minha mãe é poeta, meu pai já fez um pouco de tudo. Minha mãe é meio colecionadora, então aqui em casa tem muito quadro, muito livro, muito disco. Desde a infância eu já gostava de escrever livrinhos, músicas. Mas comecei a me dedicar de verdade em 2009, quando estava no fim do curso e criei a Olga, a sexóloga taradóloga.

2. De que forma algum curso/universidade te encaminhou para a arte? Ou vice-versa? Fale de sua formação.
Sou formada em Arte e Mídia pela Universidade Federal de Campina Grande. Logo que saí do curso fiquei meio perdida, porque ele é muito amplo, mas hoje em dia percebo como me proporcionou conhecimentos diversos. A gente aprende um pouco de música, um pouco de teatro, um pouco de cinema... Só sinto falta de mais literatura e quadrinhos lá dentro. Mas já faz quatro anos que me formei, não sei como as coisas estão agora. Quando eu entrei no curso pensava em trabalhar com animação, saí do curso querendo fazer cinema e hoje, fazendo quadrinhos, utilizo o que aprendi nas aulas de fotografia, cinema e mesmo nas de música.

3. Como você enxerga hoje o hibridismo (diferentes suportes/categorias/gêneros etc.) da/na arte contemporânea?
Especificamente na área de quadrinhos, vejo esse hibridismo surgindo na liberdade criativa que as obras atuais possuem. Hoje em dia as artes visuais estão fortemente presentes nos quadrinhos nacionais. Menos super herois e mais surrealismo.

4. Como você se define como profissional? nas artes visuais? artes gráficas?
Gosto de me definir primeiro como quadrinista e depois como editora. Não é o meu ganha-pão, mas é o que almejo fazer.

5. Você acha que há espaço/lugar/apoio (na cidade/estado/país) para jovens artistas?
Existem algumas iniciativas, um edital aqui, uma exposição coletiva ali. Mas a perspectiva de se viver de arte por aqui ainda parece uma utopia. Por sorte temos hoje a internet e com criatividade conseguimos vencer as barreiras geográficas.

6. Que artistas ou movimentos te dão mais influências ou te agradam mais?
É difícil dizer... Fiz um quadrinho de vinte e quatro páginas esse ano cujo título foi inspirado pelo último quadrinho da americana Alison Bechdel. Outro que eu terminei teve a arte inspirada na animação South Park. Eu uso tudo que está ao meu redor, mas não sei se tenho uma influência direta...  Tenho acompanhado a produção feminina de quadrinhos no país e algumas autoras no exterior também. Talvez seja essa a minha maior influência, toda essa profusão de temas e traços saídos das mentes femininas.

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