quinta-feira, setembro 13, 2012

um eu, outro eu. eu coletivo

Os anos 1960 foram marcados em todo o mundo por acontecimentos pontuais: guerras, revoluções, explosões, gritos e gemidos. Dos movimentos feministas à Geração Beat; dos hippies de Woodstock aos jovens do Maio de 68, em Paris; das ditaduras sul-americanas à Guerra do Vietnã; da revolução cubana à descolonização da África; da Tropicália de Caetano Veloso ao Minimalismo de Philip Glass; da Pop Art às novas fronteiras e suportes da arte: vídeoarte, arte conceitual, poesia visual, arte postal... Tudo cheirava a mudanças drásticas.

Andy Warhol e seus amigos da Pop Art passaram a criticar a sociedade de consumo norte-americana utilizando imagens comerciais e objetos extraídos do cotidiano em seus trabalhos, momento em que discutiam novos termos: reciclar, transformar, apropriar etc.

Aliás, o jovem Cláudio Foca poderia muito bem ser situado como artista Pop. Ele mesmo assume ao falar dos objetivos de sua obra: “Desconstruir um produto, uma imagem, um texto. Em meio a esse bombardeio de informações, quero causar um impacto positivo e divertido em quem tem olhos para ver. Propondo assim, um novo entendimento, uma releitura dos ícones existentes que nos envolve todos os dias, na TV e nas ruas.”

Todos sabem que o artista Warhol, judeu de classe média de Pittsburgh, na Pensilvânia, antes de se tornar o maior representante do Pop era vitrinista e desenhista de acessórios de moda. E foi essa experiência que o levou a “perceber” a cultura do excesso provocado pela publicidade, pela cultura do consumismo exagerado, pelo mass media.

Com visão privilegiada e bastante antenado com sua geração, Cláudio Foca também acrescentou suas próprias referências e vivências – a tatuagem e o skate, por exemplo – à produção de estampas e desenhos, vez por outra com a participação de amigos como colaboradores. E é aí que se explica o título de sua primeira exposição: Eu Coletivo. Tal como a produção Pop brasileira dos anos 60, também conhecida como Nova Figuração, toda a obra de Cláudio Foca é carregada de humor e irreverência. Basta observar atentamente suas “releituras” de slogans e chamadas publicitárias impressas em veículos de massa, como as camisetas de sua grife MadaFoca.

Aliás, com esse seu empreendimento, e sem perceber a importância da sua produção nas artes visuais (nem pretender os holofotes do Pop), Cláudio nos propõe a democratização (e desconstrução) da imagem, tal aqueles jovens idealistas e ávidos por discutir seu mundo com perspicácia e inteligência. Na verdade, é um jovem artista que muito se destaca nessa multidão do excesso. E, lúcido que é, nos fala de si – o Eu – e do todo: o Coletivo.

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